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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Não Mate a Cobra!

“Escrevo isso porque algo me diz que tem muito macho deixando de ser homem pra virar bicho”

Certa vez, um homem foi mordido por uma cobra. Ficou tão doido da vida, que saiu correndo atrás dela pelo mato até lhe esmagar com 18 pauladas. Satisfeito com a vitória, virou-se orgulhoso seguindo a vida em frente. Caminhou 5 passos e, logo a seguir, caiu morto. Morto mesmo.

Vou dizer, hein, que história mais ridícula é esta?! (Você logo entenderá!)

Alguns mundo afora, diriam: “foi machão! morreu, mas estraçalhou a bichana!” Outros pensariam: “imbecil, que maluco se preocuparia mais com a cobra no mato do que com o veneno na artéria?” Sou da segunda opinião, espero que você, também! Não admito um homem envenenado nas veias e com porrete nos braços.

Você sabia que pessoas estressadas assim perambulam por aí? “Te espero ali na esquina!” cospem alguns. “Você vai pagar caro por isso”, ameaçam outros. “Ah, se eu te pego…” E na fila dos envenenados, muitos continuam dando pauladas a torto e a direito. Pra quê? Só pra verem a cobra morta, e verem-se mortos logo depois.

E nesta ciranda dos afoitos, as condecorações do avesso parecem prestigiar os derrotados com: agressividade, fúria, vingança, descontrole, grosseria, e tantos outros termos que jamais deveriam ser admirados.

A verdade é que no mundo corporativo a acidez na alma parece ser combustível pra sobrevivência; pagar “o mal com o mal” é tônica absoluta na estrada do aparente sucesso; e não admitir levar desaforo pra casa uma questão de honra. Tem chefe cultivando a ira como se fosse qualificação profissional. O pior é um marido esbravejando enxofre como se isso lhe desse maior autoridade. Mas, olhando um cadáver estirado ao lado, pergunto: adianta alguma coisa? Preocupar-se com a revanche mais do que com o próprio antídoto? Não acredito que o sabor da retaliação seja melhor do que a cura para o ódio no coração. Nem a entrada no ringue algo melhor do que o pronto-socorro imediato.

Uma frase tão velha quanto forte, diz: “a vingança é um veneno que você toma esperando que o outro morra!” Se passaram você pra trás, a fúria é o pior atalho para resolver as coisas. Bater o carro, depois de um racha por causa de uma fechada no trânsito, compensa? Gastar neurônios planejando a desforra não parece desperdício? Quando você promove uma chateação até o nível da raiva descontrolada, pode saber, a pior parte vai sobrar para você. Sempre.

Escrevo isso porque algo me diz que tem muito macho deixando de ser homem pra virar bicho. Saem do sério adentrando a insanidade. Hoje em dia, todos estão com nervos à flor da pele, e no curral da ganância humana quem grita mais parece levar mais. Só parece. Porque o veneno continua lá, e espalhando-se mortalmente. Surge o homicídio culposo – sem intenção de matar – levando às grades gente que perderá anos de vida porque perdeu a cabeça por alguns segundos. Bom, anota aí! Eu prefiro soar covarde fugindo da provocação, a virar valentão homenageado com uma cela.

Se você é daqueles que vira-e-mexe o sangue sobe para a cabeça e a razão desce pro pé, tome mais cuidado! Seu comportamento não pode ser regido pela sua adrenalina. A agressividade nada mais é do que uma demonstração insegura de total falta de força – não de músculos tonificados, mas talvez de uma mente fraca. Você até pode ficar com a sensação arrogante de “não levar desaforo pra casa”, mas, gostando ou não, a verdadeira força da nobreza humana não é medida num confronto direto, e sim no controle dos nervos.

Outro dia, um homem fez algo beirando o impensável. Sofreu sem merecer, colheu sem semear e apanhou feito saco de pancadas. Pagando por algo que não fez, foi exposto diante de uma multidão sedenta de sangue inocente. Tamanho ódio fez pedras voarem na única direção errada – a dele. Agredido por todos, controlou-se como ninguém, e ainda mandou recado para seus algozes, pouco antes de morrer: “Senhor, não os culpe por este pecado!” (Atos 7:60). Estevão entrou para a História como o primeiro mártir do cristianismo, no entanto fez mais do que isso – deixou um legado pacifista a uma sociedade brutal. Não foi o único, Martin Luther King Jr, Gandhi, e outros, marcaram presença inquestionável na galeria de quem fez a diferença no mundo exatamente por não fazer igual a todo mundo. Matar? Que diferença isso faz para estancar o veneno?

Ser pai tem me ensinado a pôr rédeas em meus impulsos. Amo minha filhota mais do que a mim mesmo. Porém quando ela começa a revelar sua hereditariedade impulsiva, insistente, impaciente e birrenta, não suporto ver espelhado nela o reflexo do que eu mesmo fiz a meus pais (e ela ainda ganhou um bônus genético da cólera materna temperada no chucrute alemão, já pensou?). Este é o exato momento em que descubro, com erros e acertos, o desafio da paternidade: dominar a fúria interna educando exemplarmente sob o controle das minhas reações externas.

Agora, se você já se viu envergonhado por dentro por se irritar covardemente por fora, não pule da ponte! Você não é o único. Todos já nos sentimos aquele personagem de cartoon da Warner, o endoidecido Diabo da Tasmânia (lembrou?). Não é só o seu bebê que soca o teclado do seu notebook, que agarra seus óculos escalando feito alpinista, arranca as páginas importantes da sua agenda, esconde suas chaves a sete chaves, ou pega seu celular só para derrubá-lo logo depois. Ah, e quando ele arrancou o cabo da internet no exato momento de concluir o pagamento bancário? Você sorriu, achando graça? Parabéns, mesmo o paciente Jó seria seu fã! Porque eu já me vi quase entrando de taco de beisebol na piscina de bolinhas – até minha mulher dizer a frase célebre “amor, é só uma criança!” (Neste momento bate aquela vergonha de Incrível Hulk estourando o balão colorido da garotinha no parque.)

Quer saber “como vencer você mesmo” quando sentir-se possuído pelo Taz?

- Controle-se! Começou a sentir aquele arrepio no couro cabeludo que sobe fervendo do pescoço até a nuca? Conte até 5 vagarosamente (vale mais do que até 10 em meio segundo!). Isto é vencer de verdade. “Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade” (Provérbios 16:33)

- Vire a moeda! Geralmente entramos no ringue exatamente porque não notamos as demais variáveis da história – que sempre tem o outro lado. “Todo o ponto de vista é a vista de um ponto”, ouvi um dia. Amplie a visão conhecendo outras informações. Você descobrirá que existem mais coisas envolvidas do que seus olhos latejando fogo estão vendo.

- Seja homem, não bicho! Não adianta, ganhar as coisas no murro só torna você mais burro. Respire, e aguente o tranco! A masculinidade se mede na prudência dos momentos extremos. Prove que sua testosterona não perde para a adrenalina. “Tú, homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, (…) a constância, a mansidão” (I Timóteo 6:11).

- Fique quieto! O silêncio é a maior bofetada que alguém pode receber. Ficar calado é demolidor. Se o opositor está em pose de agressor, olhe dentro da alma dos seus olhos e não fale nada. Seja “tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1:19). Isso provará a todos quem é o verdadeiro dono da situação.

- Pense em você! Sabe quem ficará com úlceras e rugas depois de tudo? Isso mesmo, você! “Porque o homem de paz terá prosperidade” (Salmos 37:37). Percebe? Por isso, deixe de ser tolo e se cuide – presenteando-se com mais tempo de vida. Concentre-se no seu trabalho, família e oportunidades. Encha seu horizonte de compromissos com seu bem estar. E não se estresse! Você já estará ocupado demais para ficar estressado.

- Ore! Nada é mais poderoso para o autocontrole do que sair de dentro de si e correr pra fora na direção do Céu. Muitas vezes Deus tem me dado calma na hora do turbilhão e quando me deixei arrastar pelo furacão foi porque me esqueci de falar com Ele. Uma prece mental funciona mais do que qualquer respiração profunda. Experimente pelo menos uma vez – e me diga depois como foi!

Finalmente, deixe a cobra seguir seu caminho tortuoso. Siga o seu em linha reta – sendo o senhor de seu domínio-próprio. Você viverá mais e melhor.

Sem veneno.

Fonte: www.paicoruja.eu

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