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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Adventistas Conversam com Muçulmanos

Quebrando o preconceito ao construir pontes
Por William G. Johnsson

O mundo islâmico está mudando diante de nossos olhos, agora que líderes muçulmanos procuram diálogo com cristãos e judeus. Os adventistas do sétimo dia estão cada vez mais envolvidos como convidados, e eles mesmos tomam a iniciativa de dialogar com os muçulmanos.

Por que os adventistas desejam se envolver em tais iniciativas? E por que os muçulmanos, devido ao grande número de entidades cristãs, estão interessados em reunir-se com uma pequena parcela do grande cenário da fé cristã? As respostas a essas perguntas nos dão uma ideia das rápidas mudanças que estão ocorrendo.

Nossa Longa Sombra
Do lado adventista, as razões para nossa participação é simples e resume-se em uma palavra: missão. Somos uma igreja mundial, com a distinta identidade e missão de declarar o caráter de Deus e de ajudar a preparar um povo para o breve retorno de Jesus Cristo. De igual modo, os muçulmanos são uma religião mundial, com seguidores não apenas nos países entre o Morrocos e a Indonésia, mas em crescimento em países com bases tradicionais cristãs. Hoje, cerca de cinco milhões de muçulmanos vivem na França, representando 10% da população. Nos Estados Unidos, os muçulmanos chegam a aproximadamente dez milhões.

Assim, quase em toda a face da Terra, adventistas e muçulmanos ocupam o mesmo solo. Os muçulmanos são nossos vizinhos, não apenas seguidores de uma religião longínqua. Como servos do Senhor Jesus Cristo, temos a incumbência de interagir com eles em todos os níveis, de vizinhos aos contratos oficiais.

Por muitos anos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia está envolvida em diálogos com representantes de outras igrejas. Esses encontros têm produzido bons resultados, quebrando estereótipos e eliminando equívocos de ambos os lados. Do lado adventista, um grande benefício foi a queda da falsa denominação de nossa igreja como um “culto” ou “seita”.

Estive envolvido nesses diálogos interdenominacionais por mais de vinte anos e estou convencido de que são de valor significativo. Fui convencido, também, de que em todos os encontros dessa natureza devemos apresentar nossas crenças distintas com polidez, mas clara, sábia e honestamente, sem reter nada do que defendemos. Tentar bater de frente com a outra parte é desencadear um desastre, tanto em curto como em longo prazo.

Quando nosso diálogo é com outros cristãos ou com seguidores de outras religiões, nossa proposta deve ser para que haja genuíno e mútuo reconhecimento de quem somos (e somos nós quem melhor podemos expor isso), que valores buscamos e defendemos, e por que optamos por aparecer e não pela obscuridade.

Desafios Singulares
Esse novo diálogo nos apresenta novos desafios. Os muçulmanos têm a tendência de pintar todos os cristãos com o mesmo pincel: no estilo de vida, comedores de carne de porco e bebedores de álcool; em nível geopolítico, como pró-Israel 
e anti-árabes. O maior alvo para os adventistas é mostrar e 
explicar que não somos como as outras denominações cristãs; nosso estilo de vida é similar ao dos muçulmanos em áreas fundamentais; que somos uma comunidade de fé internacional e global, cuja agenda não é guiada pelos ventos e direções da política secular. Queremos que saibam, também, que nossas convicções sobre liberdade religiosa (assunto extremamente importante para muçulmanos de alguns países) nos levam a encorajar os líderes de todas as nações a fim de permitir adeptos de religiões minoritárias a construir locais de culto e de reunião em conjunto.

Embora as diferenças de crença entre os adventistas e muçulmanos − em particular, sobre a pessoa e trabalho de Jesus Cristo – sejam grandes e não devam ser “silenciadas”, há importantes pontos de contato que convidam ao diálogo. Entre eles, estão o elevado respeito que temos pelos escritos sagrados; a crença na criação, em vez de na evolução, na expectativa e na preparação para o Dia do Juízo; na Segunda Vinda de Jesus Cristo e a crença em mensageiros proféticos. Assim, os adventistas têm abertura para conversas produtivas com os muçulmanos, as quais outras igrejas cristãs não têm.

Projetos Recentes
Por muitos anos, os adventistas têm se envolvido em atividades de cooperação com os muçulmanos. No Reino da Arábia Saudita, uma equipe de cardiologistas da
Universidade de Loma Linda prestou um serviço, muito apreciado, e essa universidade ainda mantém contato por meio de cursos de extensão oferecidos no país. Do mesmo modo, no Afeganistão, a obra médica adventista tem uma longa história e, hoje, o pessoal de Loma Linda desempenha papel muito importante ali.

Além de tais demonstrações práticas do Adventismo, a Igreja fundou um Instituto de Relações entre Muçulmanos e Aventistas. Seus representantes têm difundido discretamente o conhecimento de quem somos e aquilo que defendemos entre o mundo islâmico.

Recentemente, uma das primeiras iniciativas muçulmanas para o diálogo originou-se no Estado de Catar, no Golfo Pérsico. Por seis anos consecutivos, o Ministério de Assuntos Estrangeiros e o Departamento de Estudos Sharia, da Universidade de Catar, têm patrocinado uma Conferência Internacional sobre o Diálogo Interreligioso. Nos encontros mais recentes, em 2007 e 2008, os adventistas foram convidados a participar e a apresentar trabalhos com todas as despesas pagas.

Com a publicação da carta aberta “Um Mundo Comum”, em 6 de outubro de 2007, assinada pelos 138 altos clérigos e líderes muçulmanos, o ritmo da paz interconfessional está acelerado. Agora, “diálogo” parece ter se tornado a palavra em voga. O Vaticano pôs em curso diálogos com líderes do Islam e das principais denominações cristãs, além de organismos como o Conselho Mundial de Igrejas, que se reúne para 
decidir sua resposta ao convite recebido pela carta aberta.

Dez dias após a publicação da carta aberta, a Igreja Adventista enviou uma resposta aos autores, aplaudindo a iniciativa e indicando nossa disposição de nos engajar no diálogo com os muçulmanos.

Quando uma junta de eruditos cristãos e muçulmanos se reuniu na Universidade Yale, em julho de 2008, um adventista foi convidado para participar do grupo de 150 pessoas reunidas para a discussão. Do mesmo modo, quando o Rei Abdullah, do Reino da Arábia Saudita, convocou uma reunião para planejar o diálogo internacional interconfessional, 
em Madri, Espanha, de 13 a 15 de julho, um adventista foi incluído entre os convidados.

Nos Estados Unidos, estabelecemos uma relação com a Sociedade Islâmica da América do Norte, a maior organização muçulmana na América. A Associação Geral sediou um encontro com seus representantes, na sede mundial da Igreja, e os adventistas e muçulmanos cooperaram em conjunto 
na Expo Saúde, convenção anual do grupo, realizada em Columbus, Ohio, EUA, de 30 de agosto a 1º de setembro. Quarenta mil pessoas participaram do encontro.

Iniciativas mais expressivas estão por vir. Temos desenvolvido excelente relacionamento com os diretores do Instituto Royal da Jordândia de Estudos Intercofessionais, em Omã, Jordânia. A primeira de uma série de diálogos oficiais está planejada para um futuro próximo.

Esse é só o começo. O mundo islâmico, em rápida mudança, é vasto e diverso. Impelidos pela missão, necessitamos envolver os muçulmanos em diversas partes do globo. Sempre e onde o Senhor abrir uma porta de oportunidade, é preciso avançar sem demora.

William G. Johnsson é assistente do presidente da Associação Geral na área das Relações Interconfessionais.

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