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Nas considerações sobre Deus e religiosidade, sobrou também para outro ateísta célebre: o jornalista Christopher Hitchens, que também já veio à Paraty (Flip 2006). “Ele acha simplesmente que a religião é uma coisa nojenta. Mas é melhor argumentar com Hitchens do que com o camareiro da rainha, que não vai perguntar se você quer ser lavado em sangue de ovelha, apenas se você quer um Brandy”, disse Eagleton, com senso de humor puramente britânico.
O crítico centrou fogo ainda no que chamou de “islãfobia”, salientando que não se pode confundir uma minoria adepta do Islamismo radical – “que mata pessoas em nome de Alá” - com milhares de muçulmanos. E propôs que o Ocidente faça um mea culpa: “Há uma variedade texana do Islamismo, e várias formas de Islamismo evangélico, no mundo e aqui mesmo, no Brasil. Mas os liberais sempre acham que os bárbaros são os outros, como se a tradição ocidental fosse isenta de barbarismos.”
Ao abordar, instado por Boccanera, a relação entre marxismo e fé, o crítico lamentou que a famosa frase do mentor da doutrina comunista seja em geral compreendida fora de seu contexto: “Antes de dizer que é o ópio do povo, Marx afirmou que a religião é o coração de um mundo sem coração.” Apesar de marxista, Eagleton fez a ressalva de que não subscreve tudo o que o filósofo escreveu. “Não conheço freudiano que concorde com todas as teorias de Freud, nem darwiniano que acredite em tudo o que Darwin defendeu. A não ser Dawkins, é claro”, comentou ele, na alfinetada final.
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